Nome: Jorge Humberto Gil da Silva
Idade: 45 anos
Profissão: Profissional de futebol
Lema de Vida: Paz e Amor
Passatempo Favorito: Futebol
Jorge Silva é um guineense que desde cedo dedicou a sua vida ao futebol. Foi com a carreira futebolística que aos 16 anos iniciou o seu processo de imigração. Hoje encontra-se longe de Guiné-Bissau mas com uma grande vontade de ajudar o seu país.
Conte-nos um pouco do seu percurso migratório. Há 28 anos saí de Guiné-Bissau e vim para Portugal jogar na equipa júnior do Sporting. Era muito jovem mas, apesar disso, integrei-me facilmente e adaptei-me ao país. Depois passei pelo arquipélago da Madeira onde fui jogador do Porto Santo. Mais tarde, vim viver para os Açores porque fui convidado para jogar no Clube de Santa Clara. Em São Miguel fui também jogador do Clube União Micaelense, Operário e do Águia dos Arrifes.
Como surgiu o gosto pelo futebol? O gosto surgiu em criança, como um menino de África que, joga na rua com uma bola de trapos. Eu e os meus colegas fazíamos pequenos campeonatos de bairro com outras crianças e assim foi crescendo aquela grande vontade de jogar futebol.
Quando veio para cá como estavam os Açores em termos futebolísticos? Eu vim para São Miguel há cerca de 11 anos e nesta época o futebol era levado mais a sério nos Açores. O Santa Clara estava na 3ª divisão e o estádio enchia de adeptos. Actualmente, o clube está na liga de honra e as bancadas não enchem quando há jogos.
No início teve dificuldades de adaptação? Eu não tive grandes dificuldades de adaptação. Com a minha alegria, simpatia e com a minha maneira de comunicar com as pessoas adaptei-me facilmente aos açorianos e à ilha. Mas também já estava habituado a viajar e a viver em diversos sítios. Saí da minha terra com 16 anos e desde então já passei por muitas terras. Actualmente ainda viajo muito porque estou em França a trabalhar.
Falando no seu país gostaria de regressar?
Regressar a Guiné para construir uma nova vida, não. Mas, voltar para investir e para ajudar a desenvolver a minha terra, aí sim. E é o que estou a fazer actualmente porque estou para abrir um negócio em Guiné-Bissau. Aproveitando este assunto queria salientar que estou disponível para ajudar a todos os empresários ou pessoas que queiram investir em Guiné, pois tenho lá suporte para dar apoio. Por isso, deixei o meu contacto na AIPA.
Sente-se bastante ligado com a sua terra natal? Sim, até porque tenho lá alguns dos meus irmãos, sobrinhos e estou sempre a ajudá-los. Eu não quero perder esta relação que tenho com a minha terra e, por isso, serei um dos que vai ajudar a construir Guiné-Bissau. Eu estou disponível para ajudar o meu país e quero trabalhar para ajudar às crianças que estão a passar fome e que andam descalças. Tem uma grande vontade de ajudar Guiné-Bissau? Sim, esta é uma necessidade que eu incuti quando deixei de jogar futebol, tenho que contribuir, seja no que for, para o bem do meu país. Cada vez que vou a Guiné-Bissau levo malas e caixas com roupas usadas para distribuir aos mais pobres. Eles agradecem imenso e é bom ouvir um obrigado, pois dá mais vontade de ajudar.
E como se sente quando faz sorrir estas pessoas por momentos?
Nestas alturas sinto-me muito contente e orgulhoso.
Quando saiu da sua terra sentiu com certeza saudades. Do que sentiu mais falta? Eu tenho saudades de quase tudo, dos meus amigos de infância que deixei, do cheiro da terra de África, daquela fruta, como a manga, que cai na cabeça de uma pessoa que passa e esta apanha a fruta e come. Tenho muitas saudades de tudo isto.
Disse há pouco que está actualmente a trabalhar em França. Como surgiu esta oportunidade? Eu estava cá a treinar a equipa sénior do Clube Águia dos Arrifes e, através de um primo meu que, estava em França, surgiu-me a oportunidade de ir para lá treinar uma equipa.
E pensa voltar para os Açores? Eu penso sempre em voltar para os Açores. Ponta Delgada é uma cidade onde fui muito bem recebido, é onde tenho a minha mulher, o meu filho e a minha casa. Desde o dia em que pisei o aeroporto desta ilha, considerei-a logo como sendo a minha segunda casa porque é onde me sinto bem, onde as pessoas me respeitam e já me conhecem.
Tem dois filhos. Eles já têm alguma noção das suas origens? O mais velho já foi a Guiné. Mas ainda faço questão de levar o meu filho mais novo e a minha mulher à terra onde nasci. Assim, o meu filho ao conhecer as minhas origens e ao perceber que tive de trabalhar muito para chegar onde cheguei, terá mais vontade de lutar para ter as suas coisas. É muito importante que os filhos dos imigrantes que, nasceram em África, percebam como é que as pessoas vivem neste continente e as dificuldades que sentem no seu dia-a-dia.
Tendo em conta que é uma pessoa que viaja muito e que já viveu em muitos lugares, como se define? Eu neste momento defino-me como um cidadão do mundo. Onde estou sinto-me bem, onde vou ou passo, as pessoas tratam-me bem e eu respeito-as.
Rumos Cruzados de 21 de Abril de 2011.
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