AIPA

UE/Imigração: Mais de mil pessoas protestam nas ruas de Lisboa contra 'Pacto Sarkozy'

Lisboa, 12 Out (Lusa) - "Documentos para Todos", "Não à Europa Fortaleza", "Abaixo Sarkozy" e "Ninguém é Ilegal" foram algumas das palavras de ordem que se ouviram hoje na manifestação, que juntou mais de um milhar de pessoas, em Lisboa. A legalização "de todos os imigrantes que trabalham e descontam em Portugal", a denúncia da ofensiva de políticas "securitárias e racistas" na Europa, na forma do Pacto Europeu sobre Imigração, e o aumento da perseguição e estigmatização dos imigrantes, foram as principais razões que hoje juntaram mais de 1.000 pessoas nas ruas da Baixa lisboeta. A concentração, convocada por organizações de imigrantes, direitos humanos, anti-racistas, culturais, religiosas e sindicatos, começou no Martim Moniz, num ambiente multicultural de festa e música, onde os manifestantes exibiram as suas reivindicações e denúncias: "Portugueses Imigrantes a Mesma Luta, "Direitos Iguais", "A Europa Precisa de Nós, "Liberdade para Todos", "Residência Para Todos", foram algumas das frases lidas em centenas de cartazes e panfletos, que encheram as ruas. À medida que a manifestação desfilava ao ritmo da música e das palavras de ordem até o Rossio, muitas pessoas, sobretudo jovens e cidadãos estrangeiros, mas também idosos, famílias inteiras e inclusive turistas, juntaram-se à "jornada de acção". Esta manifestação, "integrada numa acção de protestos a nível mundial", lembrou Juca Silva, um dos dirigentes associativos responsáveis pela organização, decorre antes de o Conselho Europeu da próxima quarta e quinta-feira, onde os líderes europeus dos 27 vão ratificar o "vergonhoso" Pacto Europeu sobre Imigração e Asilo impulsionado pelo Presidente francês e da União Europeia (UE), Nicolas Sarkozy, e aprovado pelos ministros europeus em Setembro. Os manifestantes e a organização acusam o "Pacto Sarkozy" de "aumentar o tratamento securitário das migrações", a "perseguição, criminalização e estigmatização dos imigrantes ilegais na UE", e "facilitar a expulsão de indocumentados", que se estima serem cerca de oito milhões na Europa. "Chegou a altura de dizer aos políticos da Europa, Sarkozy, Berlusconi e companhia, que basta desta 'Europa Fortaleza', destas políticas que criminalizam a imigração. Basta de olhar para homens e mulheres como meras mercadorias, com um olhar estigmatizante e de desprezo", frisou Timóteo Macedo, presidente da Associação Solidariedade Imigrante (SOLIM), uma das entidades promotoras da acção. O também membro do Conselho Consultivo para os Assuntos de Imigração explicou à Agência Lusa que a grande revindicação desta manifestação, ao nível nacional, é a regularização "de todos os imigrantes" que trabalham, pagam impostos e contribuem para a Segurança Social". Esta posição também foi defendida pelo eurodeputado do BE, Miguel Portas, ao frisar que "não há seres humanos ilegais". "Toda a gente deve ter o direito a direitos mínimos. E estas pessoas, que trabalham, descontam, tanto como os portugueses o fizeram na Alemanha e França, exigem que lhes sejam garantidos esses direitos", afirmou à Lusa, classificando o 'Pacto Sarkozy' como uma "vergonha". "É uma vergonha porque a Europa quer tratar do repatriamento dos imigrantes que não têm papéis, quando a mesma não tem sequer uma política para a integração dos imigrantes", acusou Miguel Portas. A chuva torrencial que se fez sentir quando a multidão 'ocupava' a Praça da Figueira não impediu que os manifestantes continuassem a desfilar pela Rua de Ouro abaixo até a Praça de Comercio, destino final da manifestação. O desfile terminou com um minuto de silêncio em frente a um painel no chão da Praça - que mostrava cadáveres a 'boiar' nas aguas do Mediterrâneo - para lembrar os milhares de imigrantes clandestinos que anualmente arriscam as suas vidas na travessia marítima rumo à Europa, em busca de um futuro melhor. Lusa/Fim

Publicado: Domingo, 12 Outubro, 2008

Retroceder

Associe-se a nós AIPA

Agenda

Subscreva a nossa newsletter