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Refugiados: Desmontar mitos e medos

Texto: Agência Ecclesia | Foto: Direitos Reservados 

O diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados afirmou que a mobilização da sociedade civil para o acolhimento não foi acompanhada pelos decisores políticos, convidando a superar o medo.

“Mais importante da consciência que existe uma ideia que aponta para algum medo, para o desconhecido, é a dimensão da hospitalidade, do acolhimento, do atender a emergência mas ir mais longe, apontar a necessidade de todos os cristãos estarem envolvidos nos processos de acolhimento e integração”, explica André Costa Jorge à Agência ECCLESIA.

O responsável pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados em Portugal (JRS, sigla em inglês) assinala que o medo vence-se, sobretudo, a partir do “envolvimento direto” de cada um, das paróquias, dos movimentos “no acolhimento, na integração, no apoio aos refugiados e aos migrantes”.

“Sermos testemunhas e capazes de desmontar mitos e os medos que muitas vezes se instalam e decorrem sobretudo do desconhecimento, da ignorância, da falta de relação”, observa.

A Igreja vai celebrar este domingo o Dia Mundial do Migrante e Refugiado, partindo da mensagem do Papa Francisco para esta ocasião, intitulada ‘Os emigrantes e refugiados interpelam-nos. A resposta do Evangelho da misericórdia’.

“Desde o início do pontificado tem sinalizado a importância da Europa olhar para o tema dos refugiados e migrantes em geral. Este documento sublinha a importância da crise que estamos a viver, a questão das migrações no sentido mais global”, analisa o entrevistado.

Neste contexto, o diretor do JRS constata que a nível europeu, e concretamente em Portugal, foi a sociedade civil que se mobilizou para acolher os refugiados que fogem da guerra em África e no Médio Oriente.

“Temos vindo a assistir que a Europa também é um grande espaço de acomodações onde é difícil chegar a posições de compromisso e liderança clara. De maneira geral mostrou muita hesitação na hora de socorrer as vítimas”, afirma.

O responsável destaca o domínio de “lógicas mais securitárias, com algum receio” em matérias como segurança que “devem ser acauteladas” mas não até ao “bloqueio que não socorre ninguém”.

“O testemunho que procuramos passar é que de facto esta experiência que temos realizado possa ajudar os decisores políticos a medidas mais céleres”, explica.

Para André Costa Jorge, o Papa escreve em primeiro para os cristãos e sublinha a “importância” da “não contaminação” por ideias assentes “demasiado no risco do acolhimento” mas “alerta” para a “coragem de abrir para a relação”.

“Traduzindo muito, o Papa diz que a Igreja, os cristãos, não se podem acantonar, ficar passivamente sujeitos apenas a ideias, às vezes, pré-concebidas, negativas, e instalados no medo”, acrescenta.

A Igreja Católica em Portugal promove de sexta-feira a domingo o XVI Encontro de Animadores Sociopastorais das Migrações,que vai decorrer em Bragança, com o tema “Misericórdia sem fronteiras”.

 

O evento é promovido pela Cáritas Portuguesa e a Obra Católica Portuguesa de Migrações, em parceria com a Agência Ecclesia e o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil.

Publicado: Quinta, 14 Janeiro, 2016

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