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Associação dos Imigrantes nos Açores - AIPA quer delegação na Terceira

A AIPA - Associação dos Imigrantes dos Açores – existe desde 2003, com sede em Ponta Delgada. Criada com o objectivo de se constituir como “plataforma regional representativa dos cidadãos estrangeiros” residentes nos Açores. Dois anos e meio depois, mais de novecentos atendimentos presenciais e de outros tantos telefónicos, a AIPA chegou à conclusão de que a abertura de delegações nas outras ilhas é imprescindível. »Sandra Garcia Bessa Nomeadamente na Terceira de onde recebem urgentes apelos dos cidadãos estrangeiros para o fazerem. Um sinal, em si mesmo, de que a integração está em curso: açorianos por escolha, sabem tão bem como os naturais que a insularidade e a dispersão geográfica implicam descentralização para a obtenção de melhores resultados. A “a União” falou com Paulo Mendes, presidente da AIPA, para saber mais sobre os objectivos e planos da associação. Neste momento Paulo Mendes estima que existam nos Açores “mais de 7000 cidadãos estrangeiros”. É que embora o fenómeno da imigração seja relativamente recente nos Açores, Região até há pouco tempo caracterizada apenas pela emigração, o facto é que tem crescido significativamente nos últimos anos. As razões apontadas por Paulo Mendes passam “pelo boom económico da Região”, mas também associada a fenómenos conjunturais “como o da reconstrução”, que trouxe aos Açores muitos cidadãos estrangeiros. Não obstante o facto de o fenómeno da imigração nos Açores apresentar uma relativa concentração das ilhas de maior dinâmica económica, a realidade imigratória na Região assume uma significativa dispersão pelas restantes ilhas do arquipélago. Por isso, a AIPA considera ser “imperioso fortalecer o carácter regional da associação, passando, pela criação nas outras ilhas de delegações e representações. A Delegação de Angra será a primeira de outras que a AIPA pretende abrir. Sedeada em Ponta Delgada, a AIPA tem um protocolo com o Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas e com o Instituto de Acção Social. Um Jantar a Pensar no futuro É este grande objectivo - a criação da delegação da AIPA na Terceira - que está subjacente ao Encontro/Jantar-Convívio que acontece hoje à noite, pelas 19h00, no Restaurante Africana da “Néné”, no Recinto da Feira, na Vinha Brava. Uma escolha simbólica. O restaurante Africana é pertença de Inês Pereira, um dos casos de sucesso ao nível da integração de imigrantes na Ilha. De facto a “Nené”, como é conhecida, faz sucesso, não só junto da comunidade local cabo-verdiana, de onde é originária, mas também entre os terceirenses que já a adoptaram, ou não fosse ela uma das personalidades retratadas na exposição fotográfica de Sandra Rocha, “Retratos da Nossa Gente”, patente no Centro Cultural de Angra. Paulo Mendes espera que o Jantar, para o qual aguarda uma centena de pessoas, seja o princípio de uma nova fase da AIPA, que passa, forçosamente pela descentralização. Nesta primeira fase, a delegação será constituída por um grupo de 5 pessoas que terão a tarefa de estruturá-la de forma a poder contribuir para uma melhor integração dos cidadãos estrangeiros que, fazem da Ilha Terceira, a sua casa. Paulo Mendes salienta que vivem na Terceira cerca 670 cidadãos estrangeiros (dados referentes a Dezembro de 2004) sendo que 502 são portadores de autorização de residência e 168 são titulares de outros suportes legais de permanência - Autorização de Permanência, Vistos de Trabalho, Visto de Estudo, etc. Neste universo não foram contabilizados os cerca de 3147 cidadãos norte-americanos da Base das Lajes Esta Delegação surge, assim, como um desígnio não só dos dirigentes da AIPA, mas também decorrente dos apelos dos próprios imigrantes e estrangeiros residentes na Ilha. Tudo para que o apoio da Associação seja mais célere e eficiente. Neste momento há vontade, há gente e há perspectivas reais para que a Delegação seja oficializada dentro “de um mês ou dois”. De acordo com Paulo Mendes, “a Câmara Municipal de Angra, na pessoa do seu presidente, foi muito receptiva às nossas pretensões e predispôs-se a cooperar connosco”. Uma cooperação que passa pela cedência de instalações para a Delegação em Angra. Contra a “exclusão” e discursos “de circunstância” A “a União” quis saber qual o balanço da acção da AIPA, nestes dois anos e meio de existência, e quais as maiores dificuldades transmitidas pelos imigrantes e estrangeiros residentes na Região. Paulo Mendes considera que o balanço é “francamente positivo”, em que o papel da AIPA tem cumprido o seu propósito de “parceiro e interlocutor” junto das entidades oficiais responsáveis pela integração dos imigrantes, mas que ainda falta “um longo caminho a percorrer”, para atingir aquilo que considera o ideal. A principal dificuldade, quer para os imigrantes de uma maneira geral, quer, e como decorrência disso mesmo, da acção da AIPA prende-se, de acordo com o seu presidente “com o quadro legal da Imigração em vigor, que é extremamente rígido e não está adequado à realidade”, disse. Paulo Mendes considera, por isso, que é necessária “uma mudança urgente”. De facto o dirigente considera que a realidade desmente “os discursos políticos de circunstância”. Ou seja, o discurso é “politicamente correcto”, considera, mas não faz jus à “realidade quotidiana”. Paulo Mendes tem consciência de que esta “não é uma matéria fácil”. Tem consciência de que a política de imigração portuguesa não pode ser, como apelidou” “uma política de porta escancarada”, mas considera também que “não deve ser tão rígida”. Espera por isso, que o “discurso político” encontre eco na realidade e que haja “mais justiça no acesso à educação, ao mercado de trabalho e à saúde, e menos discriminação”. Aprender com o Fenómeno em França Na sequência desta abordagem do que será a política ideal de imigração, nem de “porta escancarada” nem “tão rígida”, a “a União” quis saber se Paulo Mendes considera que aquilo que ocorreu em França, com distúrbios graves e acusações mútuas entre os franceses “naturais” e os franceses imigrantes e/ou descendentes de imigrantes, poderia igualmente acontecer em Portugal. Paulo Mendes considera que aquilo que ocorreu em França deve servir, sobretudo, “de lição”, para que não ocorra também em Portugal. Uma lição “para todos”, pois defende que a plena integração dos imigrantes é “um jogo intenso” que implica os esforços de todas as partes, desde logo dos imigrantes também. Um esforço que tem passado, no que diz respeito à AIPA, pela incrementação do trabalho de parceria com outras entidades, no sentido de se criar na Região as tais condições favoráveis de integração plena na terra de acolhimento. Por isso mesmo defende que a AIPA “não quer ser um gueto”, mas sim um parceiro neste “jogo” vital. Tem, aliás, as suas portas abertas a todos, e o sinal disso mesmo, que quer ver “reforçado”, é o facto de na AIPA estarem muitos açorianos. Algo que Paulo Mendes quer ver também acontecer na Terceira. Por isso mesmo deixa claro que o jantar/convívio de hoje à noite “não é dirigido exclusivamente aos imigrantes”: “Não queremos fazer da AIPA um gueto de imigrantes. Queremos sim fazer dela um verdadeiro espaço de encontro de culturas e pessoas de várias proveniências. O convite é dirigido a todas pessoas, independentemente da origem”. A única “condição” existente, diz, é a de “perfilhar o ideal de uma sociedade mais inclusiva, mais tolerante e mais intercultural e onde todos podem e devem ser cidadãos”. O convite fica feito: o encontro acontece hoje à noite na “Nené”, na Vinha Brava. (Caixa) Mais informações sobre a AIPA- sedeada na Rua do Peru, 112, em Ponta Delgada - estão disponíveis em www.aipa-azores.com; A AIPA tem ainda um programa de rádio, na RDP-Açores, que é emitido aos Sábados às 13h30, e um suplemento – “Rumos Cruzados”, no Açoriano Oriental, que passará a estar disponível também na União. Fonte: A União

Publicado: Segunda, 28 Novembro, 2005

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