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III Congresso internacional de Interculturalidade

Estudiosos de todo o mundo discutem em Palma de Maiorca a atualidade do pensador catalão Raimundo Lúlio. Ele propôs na Idade Média a unificação de todos os saberes e culturas. Antecipava-se assim uma das questões cruciais das modernas sociedades livres: a transferência de cultura de um grupo para outro. E a abertura de todos os povos para acolher a diversidade cultural. A convivência com pessoas, tradições e instituições de outras culturas é um fato irreversível. Acelerou-se nas últimas décadas e continua colocando indivíduos e governos frente a situações novas que, sem um retorno a uma reflexão profunda sobre alguns conceitos, dificilmente serão bem resolvidas. O III Congresso Internacional de Interculturalidade, em Palma de Maiorca, a exemplo do de Andorra e São Paulo, discutirá situações problemáticas em várias regiões do planeta. São questões como o esquecimento dos fatores que definem a identidade cultural; concentração de religiões num mesmo território; consequências da laicização crescente em algumas partes do planeta; em outras, a questão do fundamentalismo religioso e a necessidade de reaprender a dialogar e tolerar.

O gênio catalão

Umberto Eco disse que ter nascido em Palma de Maiorca, no caldeamento das culturas judaica, cristã e muçulmana, foi determinante para Raimundo Lúlio. A História provou, mais tarde, que o sábio catalão apontava o caminho certo. Todo o Ocidente, aliás, é tributário do legado inestimável dos árabes, que nos trouxeram as primeiras traduções da cultura grega. Raimundo Lúlio é tido como o Patriarca do diálogo inter-religioso. Foi, em sua época, o único escritor cristão do Ocidente que dirigiu mais da metade de sua obra para um público islâmico. Escreveu 280 livros, inclusive a Arte Magna, um sistema científico que unifica todos os saberes. Introduziu no pensamento europeu comportamentos e argumentos, por exemplo, escrever em vernáculo sobre temas filosóficos e teológicos. Sugeriu a criação de uma Sociedade das Nações, e defendeu o direito de autodeterminação dos povos. A revista Globe o considerou um dos fundadores da Europa moderna. (com assessoria).

Diário de Cuiabá, 22 de Março de 2011.

Publicado: Quarta, 23 Março, 2011

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