Os imigrantes dos Açores estão a enfrentar desigualdades profissionais e salariais na região.
Em causa, está o facto de não terem acesso a postos de trabalho correspondentes às qualificações. Esta é uma das principais conclusões de uma investigação que o Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores viu incluída na mais recente publicação do Observatório das Desigualdades, lançada recentemente em Lisboa. Esta publicação, intitulada “Desigualdades Sociais 2010: Estudos e Indicadores”, inclui um estudo sobre imigrantes açorianos, da autoria da investigadora Gilberta Rocha, dom Centro de Estudos Sociais (CES), da Universidade dos Açores. “População e mobilidade nos Açores: desigualdades na educação e na profissão dos imigrantes” conclui, de modo abreviado, que as habilitações académicas e qualificações profissionais desta faixa da população não têm correspondência no mercado de trabalho insular. A autora explicou que o texto, agora apresentado, fundamentou-se em dois estudos, um realizado em 2004 e outro em 2008, direccionados para as questões do emprego e da educação: “comparámos a evolução dos níveis educacionais dos nossos imigrantes e da sua situação profissional”. As conclusões, referiu, são, por um lado, positivas ao nível das habilitações académicas: “houve um aumento significativo, nesses quatro anos, do nível educacional dos nossos imigrantes, que de facto, apresentam um nível de instrução muito superior ao que tinham no inicio”. Este é um facto, adianta, relacionado com o “aumento de imigrantes brasileiros que têm níveis de qualificação intermédia e pela manutenção, também, dos imigrantes da Europa do Leste que são mais qualificados”. Porém, pela negativa, refere a professora catedrática, o estudo revelou que “não há uma correspondência” entre as habilitações e as renumerações dos imigrantes: “ou seja, imigrantes mais qualificados não significa que tenham melhores empregos, ou empregos compatíveis, isto sobretudo nos de Leste”. Segundo a investigadora da academia açoriana, estes imigrantes possuem um perfil vantajoso para a região: “é um perfil vantajoso se houvesse na região potencialidades de desenvolvimento económico. Eles têm formação, nalguns casos até qualificação intermédia, e os menos qualificados têm vindo a qualificar-se, embora não haja uma correspondência total entre as qualificações e o tipo de emprego e as renumerações que têm – que são mais baixas”. Do ponto de vista social, Gilberta Rocha alerta para a injustiça existente: “aí, não podemos falar em igualdade”. O estudo teve por base uma amostragem feita junto de quatro ilhas açorianas, correspondendo a 75 por cento dos imigrantes da Região.
Nível de instrução é considerado alto: Segundo um estudo realizado em São Miguel, Terceira, Faial e Pico, o nível de instrução dos imigrantes que se encontram nos Açores é relativamente alto. No geral chega mesmo a ser superior ao dos açorianos. Enquanto 42% da população dos Açores (a maioria) tinha apenas o 1º ciclo do ensino básico em 2001, 30% dos imigrantes apresenta formação no ensino médio ou superior. Mais de 30% completaram o ensino secundário e apenas 13,5% ficaram pelo 1º ciclo.
Açoriano Oriental, Humberta Augusto.
Publicado: Segunda, 13 Dezembro, 2010
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