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Um dos Rostos da AIPA e de Imigração

Um dos Rostos da AIPA e de Imigração

Nome completo:

Leoter Viegas

Idade:

35 anos

Formação Académica:

Licenciatura em Economia e Gestão

Lema de vida: “Realizar o bem comum”

Passatempo preferido: Ler e ver TV

Conte-nos um pouco da sua vinda para os Açores. A minha vinda para os Açores deu-se à semelhança de muitos jovens santomenses que quando terminam o 11º ano têm de se deslocar ao exterior para continuar os seus estudos. Neste sentido, consegui uma bolsa através de um protocolo entre a Universidade dos Açores e o governo de São Tomé e Príncipe, que me deu a oportunidade de vir para os Açores e dar continuidade aos meus estudos secundários. Inicialmente fui para a Terceira, onde terminei o meu 12ºano e depois vim para São Miguel e fiz a licenciatura em economia.

Quando saiu de São Tomé e Príncipe tinha alguma ideia formada acerca dos Açores? Eu sabia apenas que tinha de sair de São Tomé para concluir os meus estudos, mas não sabia para que país ia. A minha vinda para o Arquipélago foi repentina e nem fazia a mínima ideia do que era os Açores.

Porque escolheu economia como área de formação? É engraçado porque há duas semanas reflecti sobre essa opção e cheguei a uma conclusão engraçada. Em São Tomé a minha mãe, para além do trabalho, fazia part-time como vendedora de peixe e legumes no mercado e eu com os meus 10 ou 11 anos ajudava-lhe no negócio. Nessa altura eu fiquei responsável pelas contas do mercado. Portanto, eu acho que a partir dessa altura e também pelo facto de sempre ter sido um aluno razoável a matemática, foram os dois ingredientes que me levaram a tirar o curso de economia.

Neste momento como está a sua relação com São Tomé? Estava na sua mente fazer um percurso migratório tendencialmente definitivo? Sempre tive em mente a ideia de regressar a São Tomé e tenho aliás, mas há certas decisões que não dependem só de mim, dependem também da família que tenho cá. O meu relacionamento com São Tomé é diário, embora já há 4 anos não vou lá (a última vez foi em 2006). Falo com pessoas de lá, tenho acesso às notícias de São Tomé e Príncipe, através da internet e estou completamente por dentro dos acontecimentos que têm surgido lá, a todos os níveis desde cultural, económico a social.

Como é que vê, neste momento, o futuro de São Tomé. Podemos ter uma esperança no desenvolvimento de São Tomé? Estamos esperançados que 2011 possa ser o inicio de uma nova era para São Tomé e Príncipe. Já há algumas perspectivas na área económica, como é o caso da construção de um porto de águas profundas em São Tomé, que vai ser uma mais-valia para o desenvolvimento económico do País. Há também a questão do Turismo, que está em banho-maria, existe uma vontade política em fazer-se uma aposta estratégica nesta área, pois há vários constrangimentos que têm impedido o desenvolvimento turístico de São Tomé, nomeadamente as passagens aéreas que ainda são muito caras. Havia a questão paludismo, que era uma questão muito complicada para o turismo, mas com o apoio dos EUA, de Portugal e Taiwan conseguiu-se reduzir drasticamente a taxa de mortalidade e hoje já não é um obstáculo para o desenvolvimento turístico em São Tomé (antes a taxa de prevalência do paludismo era de 50%, hoje são 1,5 ou 2%). Esta foi, na minha opinião, uma das maiores vitórias de São Tomé nos últimos anos. Temos também uma aposta na agricultura com o cacau e o café biológico e vamos assim ver como corre o ano de 2011.

Entre os Açores e São Tomé e Príncipe como se sente a nível identitário? A nível de identidade, tendo em conta a história de São Tomé e Príncipe como ex colónia de Portugal, há muitas coisas semelhantes sobretudo no que diz respeito às pessoas e ao relacionamento, por isso, não tive grandes problemas de integração aqui na Região.

Em termos de Futuro como o vê daqui a 5 anos? Ainda por cá ou em São Tomé e Príncipe? A decisão de sair dos Açores e ir para outra parte do mundo é difícil porque já tenho cá uma família constituída e, por isso, tenho que preservar primeiro o interesse da família do que o meu interesse individual.

E como educa os seus filhos nesta triangulação cultural? Fala-lhes sobre a sua terra natal? O mais velho por vezes já percebe alguma coisa. Ainda ao ano passado a minha mãe esteve cá e o Guilherme afeiçoou-se muito a ela, já estava a ter alguma relação com África. Mas de um modo geral, ainda não lhes faço uma abordagem do que é São Tomé ou África.

Quando não está a trabalhar como ocupa os seus tempos livres? Eu gosto muito de ver televisão e adoro ler alguns livros que me marcam.

Como por exemplo, qual livro que está a ler ou que o marcou? Eu li há dois anos um livro que se chama Freakonomic, escrito por um grande economista americano, Steven Levitt. O autor nesta obra usa algumas ferramentas de economia para descodificar alguns enigmas da vida quotidiana. Por exemplo, uma das perguntas que Steven Levitt faz neste livro é por exemplo: Porque é que os traficantes de droga que ganham tanto dinheiro continuam a viver com a família? E para responder a esta questão ele utiliza instrumentos de economia.

Sendo um dos rostos da AIPA desde o seu inicio e o coordenador do Centro Local de Apoio ao Imigrante. Como vê a integração dos imigrantes na sociedade portuguesa ou açoriana? Na sociedade portuguesa, acho que as coisas têm corrido razoavelmente bem. Não é em vão que Portugal tem sido, em termos internacionais, o país que melhor acolhe os imigrantes. O governo português, as organizações civis e as ONG’S têm feito um trabalho espantoso nas áreas de integração dos imigrantes. Aqui nos Açores não é diferente, o Governo regional tem apostado na integração dos cidadãos estrangeiros, pelo apoio que tem dado às organizações não governamentais e às instituições que trabalham nesta área. Portanto, na minha opinião o processo de integração dos imigrantes tem sido bom.

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