Darwin Mendez, natural de Cuba, reside nos Açores há dez anos. Este imigrante trouxe do país de origem um currículo preenchido de estudos e trabalhos, os quais veio desenvolver em S. Miguel.
Porquê o culturismo, a saúde e o exercício? No princípio, eu queria ser piloto de guerra, mas por questões da vida não pude tirar este curso. Então decidi seguir a área do desporto e tive oportunidade de fazer uma licenciatura em Cultura Física na universidade de Cuba. Como a educação é gratuita no meu país, aproveitei para estudar línguas estrangeiras, por isso, trabalhei durante nove anos na área de turismo em Cuba e dentro do ramo de cultura Física, fiz uma especialização em reabilitação e terapêutica. Portanto, cheguei aos Açores com esta bagagem de trabalho e comecei a desenvolver tudo aquilo que estudei. Depois de 10 anos nos Açores já fez muitos amigos…? Eu consigo fazer amizades facilmente porque sou uma pessoa muito divertida, mas também devido a minha área de trabalho, pois lido diariamente com pessoas. No entanto, acho que no início os açorianos ficam muito fechados para com as pessoas que vêm de fora. Depois com o tempo é muito fácil fazer amigos. Isto é importante para os imigrantes e para os próprios açorianos, esta troca cultural. Nós também enriquecemos a cultura açoriana e, como exemplo, é a existência de uma banda que integra pessoas de diferentes nacionalidades. Criei um clube de salsa e são alguns aspectos desta riqueza cultural que hoje faz parte dos Açores. Na altura em que chegou cá quais foram as suas principais dificuldades? Acho que a primeira dificuldade é sempre a adaptação. Para além disso, a distância, a saudade do calor cubano e a língua foram também barreiras difíceis. E perspectivas de futuro…? Para o futuro vou dedicar-me à educação do meu filho, para que seja a melhor possível. Vou imprimir-lhe uma educação baseada em valores e princípios, da forma como fui criado em Cuba. Como se relaciona com o seu país de origem? Eu costumo ir a Cuba no verão e na época de natal. Para mim é importante voltar à minha origem do qual devo o meu carácter e personalidade. Cada vez que volto a Cuba tento rever cada canto e cria-se uma ligação muito forte de tudo aquilo que aconteceu na minha vida. Então fico dividido: entre lembranças, memórias daquilo que eu era e entre o sítio onde criei uma segunda vida. Eu vou a Cuba todos os anos e fico com aquele sabor amargo cada vez que tenho de apanhar um avião para voltar para cá. Mas depois penso: se digo adeus é porque estive lá.
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