Publicado em 23-07-2007
Tema: Notícias
Segundo um artigo publicado pelo jornal Público, de 21 de Julho, "mais jovens, mais mulheres, mais imigração. São três das propostas dos Vinte e Sete para aumentar o número de investigadores na Europa."
"No fim da reunião que trouxe a Lisboa os ministros da Ciência dos 27 países da União Europeia (UE), Mariano Gago disse quantos cientistas são precisos para que a economia europeia possa competir, lado a lado, com os Estados Unidos ou o Japão. "Falta meio milhão de investigadores na Europa", avançou o ministro português, que dirigiu a reunião no âmbito da presidência portuguesa da UE.
Onde ir buscar tanta gente altamente qualificada? Gago deixou algumas pistas do debate que está a ser feito: "É preciso flexibilizar as políticas de imigração europeias para os estudantes e para as pessoas mais qualificadas na área da ciência e tecnologia."
A ideia é atrair para o espaço europeu jovens cientistas que não tenham condições de trabalho nos seus países, acrescentou o ministro numa conferência de imprensa onde esteve presente o comissário europeu da Investigação, Janez Potocnik.
"Estamos numa posição de crescimento ligeiro, muito ligeiro, do número de cientistas na Europa. As nossas ambições são de crescimento mais acelerado", disse Gago. "As más notícias são que só temos 5 a 5,5 investigadores por mil trabalhadores, enquanto nas grandes economias que competem com a UE estes números situam-se em cerca de oito por mil", especificou. "Os Estados Unidos têm tido a capacidade de aumentar, de maneira sustentada, os recursos humanos qualificados em ciência e tecnologia, porque o seu balanço de importação de recursos tem sido positivo."
Nos Estados Unidos há nove investigadores por cada mil pessoas activas e no Japão dez por mil. No caso português, o número total de pessoas activas a tempo inteiro em investigação e desenvolvimento (I&D) em 2005 era de 25.453, (20.858 das quais investigadores). Entre 2003 e 2005, o aumento do número de cientistas foi de 3,04 por cento.
Outra forma de ir buscar os 500 mil cientistas que faltam é continuar a atrair os jovens europeus para as áreas científicas. "É uma enorme oportunidade para criar emprego qualificado e atrair para as profissões científicas jovens com talento da Europa e de todo o mundo."
O papel das mulheres na investigação, que é reduzido em muitos países, também foi debatido na reunião. "É um problema grave na Europa. Não é possível haver um número significativo de recursos humanos sem que as mulheres tenham uma participação significativa."
Não é o caso de Portugal, mas em países como a Alemanha há poucas mulheres na ciência. Mudar esta situação passa pela promoção do acesso das mulheres à carreira científica, criando condições que lhes permitam, nomeadamente, conciliar a vida profissional com a família.
Todo este debate se alicerça na Estratégia de Lisboa, lançada em 2000, que pretende fazer da ciência o motor de uma Europa mais desenvolvida. Para tal, em 2010, a Europa teria de investir em I&D três por cento do PIB. Não atingirá essa meta.
Ontem, o comissário europeu declarou que esse valor deverá ficar-se pelos 2,6 por cento. Quanto a Portugal, a meta fixada é duplicar o investimento público em I&D e triplicar o privado para atingir, em 2010, dois por cento do PIB. Em 2005, Portugal investiu 0,81 por cento do PIB em I&D (0,50 desse investimento é público).
O orçamento comunitário para a ciência - 54 mil milhões de euros, entre 2007 e 2013 - traduz a aposta que está a ser feita na Estratégia de Lisboa. "Foi menos do que o desejável, mas é um crescimento enorme do orçamento", sublinhou Gago.
O debate sobre os dinheiros para a ciência vai agora incidir na articulação das políticas europeias com as políticas nacionais. "Todos os países querem investimentos maiores e uma aposta nas pessoas e na qualidade", disse Gago. "Mas não há nenhum país que se possa salvar sozinho. Todos precisam dos outros, dos recursos, das tecnologias, dos mercados e das ideias dos outros." O comissário resumiu poeticamente a situação: "Pela primeira vez, temos uma frota de 27 navios a avançar na mesma direcção."
1,84 % do produto interno bruto (PIB) foi quanto os 27 países da União Europeia investiram em ciência e tecnologia em 2005
3% do PIB global é a meta que a União Europeia estabeleceu, no âmbito da Estratégia de Lisboa, para 2010 (um por cento em dinheiros públicos e dois por cento em investimento do sector privado)
2,6 % do PIB é o que se espera, na realidade, atingir em 2010, segundo disse ontem o comissário europeu para a Investigação, Janez Potocnik".
Publicado: Segunda, 23 Julho, 2007
Retroceder