Do universo de imigrantes que vivem em Portugal, os cabo-verdianos e os brasileiros são os que mais se queixam de discriminação. Os dados são da Unidade de Apoio à Vítima Imigrante e de Discriminação Racial e Étnica portuguesa.
Os brasileiros representam 32,4 por cento dos processos abertos na UAVIDRE. Seguem-se os cabo-verdianos, com 12,6 por cento, e os angolanos, com nove, noticia hoje o jornal português Público.
Estes números foram hoje apresentados, em Portugal, a propósito do Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial.
A gestora do projecto da unidade, Carla Amaral, explica, ao Público, que o facto de os brasileiros serem a maior comunidade imigrante, de terem "a facilidade da língua" e de terem "uma cultura que lhes permite exporem as suas queixas mais abertamente" dita o maior número de queixas.
A maioria das queixas dos imigrantes estão relacionadas com episódios de violência doméstica (o crime mais registado na UAVIDRE, com 77,8 por cento em 2006).
A UAVIDRE, que resulta de uma parceria entre o Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME) e a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), registou, em 2006, 249 queixas, quase o dobro das referenciadas em 2005, ano em que começou actividade.
O apoio que a instituição dá é presencial, telefónico ou via correio electrónico e em várias línguas. Na equipa há juristas e psicólogos voluntários.
Segundo Carla Amaral, para além de maioritariamente do sexo feminino, o perfil da vítima que se queixa à UAVIDRE revela uma situação de "grande vulnerabilidade", quase sempre "sem amigos nem familiares", frequentemente "sem conhecer a cultura nem a língua" e muitas vezes "em situação irregular há vários anos".
Publicado: Domingo, 25 Março, 2007
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