Arménia Veríssimo conta a sua experiência de vida no país que escolheu para viver.
Arménia Cabral Veríssimo, uma emigrante açoriana na Nova Zelândia, está a preparar-se para celebrar a passagem de ano. A festa, com a família, tem lugar na moradia dos sogros (naturais dos Açores), junto à praia, com toda a família reunida. Por uns dias, a casa onde vive, em Alfriston, a 20 minutos da cidade de Auckland, e as lides da plantação de kiwis, onde trabalha desde que escolheu a Nova Zelândia para morar, ficam para trás.
Arménia Veríssimo é uma micaelense, que começou a sua vida profissional após a morte do pai, altura em que foi trabalhar para casa de uma tia, em Porto Formoso. Pouco tempo depois resolveu partir e a Nova Zelândia foi o destino que escolheu para iniciar a sua vida. Tinha na altura 26 anos (celebrava os 27 no mês seguinte) e chegava de armas e bagagens à terra prometida. Estávamos no mês de Outubro de 1982.
Na Nova Zelândia, as duas tias e o primo, proprietário de uma grande quinta onde se produz kiwis, são a única família de Arménia Veríssimo. De facto, foi na quinta do primo que esta açoriana, de largos horizontes, começou a trabalhar. Laborava na terra, actividade que ocupou durante muito tempo.
Arménia Veríssimo conta que era preciso saber falar inglês para poder comunicar com os outros empregados daquela grande extensão agrícola e comercial. Por isso, decidiu começar a frequentar as aulas, após o trabalho. Mas, diz, "como a escola era longe, a urgência de tirar a carta de condução fez-se sentir logo de imediato". Tudo isto se resolveu com a ajuda do primo. Na altura, as saudades da família, que deixou em S. Miguel, eram muitas, mas "a coisa lá foi andando sem grandes percalços".
Os anos foram passando e Arménia, entretanto, casou. Foi mãe e ganhou amigos, muitos deles entre o leque de empregados da quinta do seu primo. Nos dias que correm, para além de empacotar kiwis, gere as relações laborais dos cerca de 70 trabalhadores que, tal como ela, abandonaram o seu país para tentarem uma vida melhor. Arménia Veríssimo é, hoje em dia, responsável pelos empregados da secção das embalagens. Poucos são os trabalhadores portugueses e açorianos, naquele país, lembra esta emigrante com pena, adiantando que os empregados da quinta são na sua maioria indígenas (maoris), iraquianos, indianos, habitantes das ilhas Fiji e Tonga. Há alguns brasileiros, mas poucos portugueses e açorianos.
Fonte: Jornal Diário
Publicado: Quinta, 21 Dezembro, 2006
Retroceder