Um protocolo de acordo visando aprofundar o diálogo
político entre a Organização Internacional da Francofonia (OIF) e a União
Europeia (UE) no quadro duma parceria privilegiada foi assinado segunda-feira
em Bruxelas, soube-se de fonte oficial na capital belga.
O acordo foi rubricado pelo secretário-geral da OIF, o senegalês Abdou Diouf,
e pelo comissário europeu para o Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, Louis
Michel.
Falando durante uma conferência de imprensa que sancionou a cerimónia de
assinatura deste documento, Michel declarou que a OIF é, mais do que uma
realidade cultural baseada na língua, "uma organização política cujas
influência e eficácia são notórias, nomeadamente no domínio da prevenção dos
conflitos e da democratização".
Por seu turno, Diouf (ex-chefe do Estado senegalês) sublinhou a sua vontade de
reforçar a concertação, redobrar de esforços e mobilizar recursos para uma
melhor eficácia da cooperação e da ajuda às populações.
"É nosso dever de solidariedade é buscar os meios de dinamizar e reforçar
as relações entre a OIF e o actor maior na arena internacional que é a União
Europeia", insistiu.
Através deste acordo, as duas entidades pretendem estabelecer um diálogo
estruturado que deve permitir o desenvolvimento de operações comuns num
espírito de complementaridade e de eficácia sempre que o valor acrescentado
de uma colaboração entre os dois parceiros for demonstrado, sublinha um
documento entregue à imprensa.
Para o desenvolvimento "das sinergias construtivas", os dois parceiros
apostaram na promoção da democracia e dos direitos humanos e na diversidade
cultural e linguística, lê-se na nota.
As acções comuns serão igualmente centradas na prevenção dos conflitos, no
desenvolvimento económico e social, na sociedade da informação bem como na
educação, na formação e na juventude, segundo o documento.
Durante o encontro, os dois interlocutores evocaram o cinema, sector no qual a
União Europeia investiu recentemente seis milhões e 500 mil euros a favor dos
países de África, Caraíbas e Pacífico (ACP), países ligados aos 25 (países
membros da UE) no quadro do Acordo de Cotonou.
Para um período de cinco anos, estes créditos devem servir para executar
programas de desenvolvimento e de estruturação das indústrias cinematográficas
e audiovisuais e permitir aos cineastas e a outros profissionais do sector
criar e divulgar as suas produções.
O secretário-geral da OIF e o comissário europeu decidiram reunir-se pelo
menos uma vez por semestre para balancear o progresso da cooperação entre as
duas partes.
Abdou Diouf convidou finalmente o comissário Louis Michel a participar na
cimeira da Francofonia que vai decorrer de 28 a 29 de Setembro próximo em
Bucareste, na Roménia.
Respondendo a uma pergunta de um jornalista sobre a imigração, Diouf afirmou
que o aumento dos fluxos migratórios sul-norte e sul-sul é um fenómeno ligado
à mundialização.
"É necessário", indicou o SG da Franconfonia, "tudo fazer para desencorajar a
imigração clandestina e regular a imigração legal".
Quanto ao Líbano, país membro da OIF, Diouf disse que a sua organização
permanece a favor do envio de uma força de interposição de 15 mil homens,
força na qual a União Europeia decidiu participar com sete mil soldados.
Actualmente, prosseguiu Diouf, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, está a
envidar os esforços necessários para encontrar outros países para contribuir
para a FINUL (Força Internacional des Nações Unidas no Líbano) reforçada com
vista a perfazer os 15 mil soldados necessários.
A OIF está disposta, se isto lhe for pedido, a consultar os Estados membros
para os exortar a participar na FINUL reforçada, revelou.
A OIF é constituída por 53 países, dos quais 11 europeus membros efectivos ou
membros observadores.
Publicado: Quarta, 30 Agosto, 2006
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