São muitas as preocupações levantadas pela comunicação social em 2005, porque muitas foram também as notícias sobre discriminação racial e imigração que marcaram os destaques mediáticos. Racismo, extrema-direita, o pseudo-arrastão em Carcavelos, bairros sociais, a exclusão. De tudo isto fala o Relatório de Imprensa 2005, apresentado ontem pelo SOS Racismo na Feira do Livro de Lisboa.
Passando em revista (de forma temática e cronológica) os artigos publicados ao longo do ano passado na imprensa nacional, o documento recém-publicado analisa agora o tratamento dado às minorias étnicas, com base na informação disponível no blogue do SOS Racismo. Ao todo, são 140 as páginas que se desdobram em considerações sobre a exclusão social nos bairros periféricos dos grandes centros urbanos, sobre políticas de integração e educação.
A Lei da Nacionalidade, uma provável revisão da Lei de Imigração, os atrasos e dificuldades na regularização de estrangeiros e os esforços de sindicatos e associações na luta por uma política de imigração "mais justa" foram outros dos temas quentes da agenda mediática de 2005. Muito voltada, ainda, para as reportagens, os números, as vivências e os dramas em bairros sociais - nomeadamente a Azinhaga dos Besouros e a Cova da Moura, em Lisboa.
Histórias escritas e faladas
Segundo o Relatório de Imprensa, o grande destaque jornalístico em matéria de racismo prendeu-se com o "falso arrastão" que (não) varreu Carcavelos a 10 de Junho de 2005.
"Falou-se e escreveu-se muito sobre o que não aconteceu mas podia ter acontecido, mas talvez não tanto sobre o que levou ao exagero noticioso", alerta a publicação, criticando o facto de este episódio ter ainda potenciado "uma manifestação de extrema-direita, apelando ao repatriamento dos imigrantes e ao orgulho nacionalista". As revoltas em Paris, incêndios de Verão em habitações com estrangeiros e casos de discriminação da comunidade cigana - - quase sempre associada, na imprensa, ao estigma da criminalidade - também fizeram correr tinta e voz nos media portugueses.
"Como habitualmente", esclarece o estudo, "reunimos uma selecção das notícias que fizeram a história de um ano em que o presidente da região autónoma da Madeira afirmou que não quer chineses e indianos". Um ano em que foram igualmente anunciadas novas leis, "enquanto se prolongam os atrasos e dificuldades burocráticos à regularização de cidadãos estrangeiros que vivem e trabalham no País".
Publicado: Quinta, 15 Junho, 2006
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