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União Europeia deve ter na Turquia "parceiro essencial" na crise dos refugiados

Texto: Notícias ao Minuto | Foto: Direitos Reservados 

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, qualificou hoje a Turquia como um "parceiro essencial" na crise dos refugiados, defendendo que as instituições "têm que fazer tudo para cooperar" com aquele país.

Na sessão do Parlamento Europeu de Estrasburgo, França, Tusk admitiu compreender os "dilemas" face à Turquia e que "não é fácil, mas é o melhor parceiro possível".

"Queremos que a Turquia esteja do nosso lado", afirmou o responsável, que repetiu que para este novo êxodo "não há soluções fáceis" e que atualmente "quase" todas as pessoas envolvidas na crise "podem ser requerentes de asilo".

No seu discurso inicial, Tusk tinha notado que a Europa "apenas pode contar consigo mesma" e que há países a "regozijarem-se com as dificuldades" vividas no continente.

"Para nós, os refugiados são pessoas, indivíduos que esperamos ajudar. Mas há forças em nosso redor, porém, que veem o fluxo de refugiados como negócio sujo ou mercadoria política barata", criticou o responsável, referindo estar a surgir uma "nova forma de pressão política e até uma nova guerra híbrida" que tem na migração uma "guerra contra os vizinhos".

Para Tusk, "uma Europa sem fronteiras externas vai começar a ser um terreno para medo", o que irá conduzir a uma "catástrofe política", pelo que os responsáveis têm que perceber que os cidadãos querem "eficácia e determinação" e poderão procurá-las em "diferentes tipos de lideranças, radicais e impiedosas".

"As pessoas querem garantias de ordem e de segurança e ou nós estamos à altura do desafio, ou outros vão tomar o nosso lugar. A fila de 'machos' políticos é bastante longa, mas ainda vamos a tempo de os parar e isso depende apenas de nós", afirmou aos eurodeputados.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também sublinhou o trabalho que já está a ser feito com a Turquia e saudou o memorando para gerir refugiados que hoje será assinado entre as duas partes.

"A Europa não pode receber toda a miséria do mundo, mas toda a Europa deve ocupar-se da miséria do mundo e não podemos ser neutros quando há aumento das injustiças", acrescentou Juncker, criticando os Estados-membros que diminuíram verbas para o apoio humanitário.

O responsável recusou que haja referências aos "migrantes, às pessoas infelizes" como "se fossem bárbaros e criminosos" e salientou que "construir muros não é a resposta adequada".

Lembrando que o seu país de origem, o Luxemburgo, acolhe muitos emigrantes portugueses e italianos, Juncker garantiu que a "emigração traz riqueza" e que não é a Europa que deve ser criticada, mas "países-membros que estão a impedir a celeridade" de soluções para a crise dos refugiados.

A portuguesa socialista Ana Gomes garantiu, na sua intervenção, que a Europa precisa de "mais união e não de mais muros" e criticou que se "despejem baldes de dinheiro na vizinhança", em vez de garantir escolas para crianças.

Publicado: Quarta, 07 Outubro, 2015

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