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Reino Unido e França declaram “crise de migração global”

Texto: Ionline | Foto: Direitos Reservados 

Os governos britânico e francês alertaram o mundo para “uma crise de migração global” e apelaram à união dos países europeus e africanos num esforço para resolver o problema que este Verão chegou em peso às suas fronteiras.

Ao cair da noite repetem-se as incursões de centenas de imigrantes, que, em vagas sucessivas, testam a barreira das forças de segurança, na esperança de que uns poucos afortunados consigam passar para o outro lado, para o Reino Unido. Há uma comunidade de cerca de 5 mil clandestinos em Calais, no Norte de França, dispersa por uma série de acampamentos miseráveis nas imediações da cidade, conhecidos como A Selva. Pessoas que se julgam a um passo do destino final, depois de travessias longas e desesperadas, fugindo de países em conflito para lá das fronteiras europeias. Trata-se do maior problema de refugiados desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e estes acampamentos improvisados trazem um aviso muito claro relativo a um fenómeno bem mais vasto, do desgaste que provocou nos vizinhos da Síria o esforço de 4 milhões de pessoas de fugirem à guerra civil. Muitas outras fogem de conflitos no Sudão, na Eritreia, na Somália, no Afeganistão...

Numa intervenção conjunta, Theresa May, ministra britânica do Interior, e o seu homólogo francês, Bernard Cazeneuve, avisam os clandestinos que se preparam para dar o passo final na sua viagem em busca de uma vida melhor de que as ruas da Grã-Bretanha “não são pavimentadas a ouro”. Para sublinhar esta ideia, num esforço para tornar o país menos atractivo, o Ministério do Interior britânico anunciou que planeia cortar os subsídios semanais pagos a milhares de famílias que requereram asilo e não o obtiveram.

No artigo que assinaram no “The Telegraph”, May e Cazeneuve garantem que a solução da crise é a “prioridade máxima” de ambos, e adiantam que, no que passou do ano, foram já desmantelados 17 gangues que traficavam pessoas do Mediterrâneo para a Europa. Mas os dois responsáveis exigem que a Grécia, Itália e outros países assumam as suas responsabilidades e se empenhem em travar o fluxo migratório vindo de África.

May e Cazeneuve defendem também que os governos europeus têm de fazer tudo para pôr fim à crença, que dá alento a muitas das pessoas que se mostram suficientemente desesperadas para tentar a perigosa travessia de barco a partir do Norte de África, de que irão encontrar segurança económica ao chegarem à Europa. Muitos vêem a Europa, e particularmente o Reino Unido, como um destino que oferece “uma perspectiva de ganho financeiro”, referem.

Uma proposta deverá avançar nas próximas semanas no sentido de cortar os subsídios semanais de até 36,95 libras (perto de 52 euros) que estão actualmente a ser dados a 14 mil pessoas que viram rejeitados os pedidos de asilo, incluindo os inseridos em grupos familiares. O anúncio é feito no mesmo dia em que aquele jornal britânico revelou novos dados que indicam que o número de imigrantes ilegais detidos no país aumentou 20% desde que a crise em Calais teve início. A notícia do “Telegraph” refere que, ainda que não haja uma correlação directa das detenções com os novos imigrantes que atravessam o canal da Mancha, os números indicam a crescente pressão que a polícia e os guardas de fronteira estão a enfrentar.

 

Principal preocupação Entretanto, um inquérito promovido pela Comissão Europeia revelou que a imigração é a principal preocupação dos europeus, à frente dos problemas económicos e do desemprego. Num inquérito semelhante realizado em Novembro passado, a situação económica, o emprego e os défices públicos estavam no topo da lista.

De acordo com o inquérito Primavera 2015 Standard Eurobarometer, 38% dos entrevistados em toda a União Europeia elegem a imigração como a sua principal preocupação, 27% a situação económica e 24% a taxa de desemprego. A imigração é o tema de maior preocupação para os inquiridos, com destaque para Malta (65%) e Alemanha (55%).

Publicado: Terça, 04 Agosto, 2015

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