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Uma Brasileira ensina Dança de Ventre as mulheres açorianas

É possível aprender em Ponta Delgada esta dança oriental que tem feito sucesso no Ocidente Numa sala do primeiro andar do pavilhão das Laranjeiras, em Ponta Delgada, a música que se ouve faz lembrar o Oriente e chama o corpo à dança. Antes das 21 horas já se perfilam algumas alunas em frente à parede forrada de espelhos, que vai ajudar a coordenar os movimentos sensuais que conferiram popularidade à dança do ventre. À frente fica a professora, Sheila Guedes, que está desde o início do ano a ensinar as mulheres micaelenses a executar, com elegância, sensualidade e muita concentração, os movimentos necessários para dominar esta arte apreciada por muitos. Sheila é brasileira, está em Ponta Delgada há pouco mais de um ano e o ritmo do samba, que todos os brasileiros carregam no sangue, confere-lhe maior elegância nos movimentos da dança do ventre. Veio a convite a Ponta Delgada para fazer animação em bares e decidiu ficar, mas a dança sempre fez parte da sua vida, quer no Brasil, quer no Algarve onde viveu, dançou e ensinou. Conta que fazia espectáculos em restaurantes marroquinos, nos casinos e discotecas, mas não só de dança do ventre, “todas as danças com ritmo”. Uma vez nos Açores, o passo seguinte foi começar a dar aulas. “As pessoas perguntavam-me se ia dar aulas e ensinar aquilo que sei e no início dizia que não”, mas depois de ultrapassadas as dificuldades em arranjar um espaço as aulas começaram, até porque “está no meu sangue, apesar de ser brasileira adoro a dança do ventre”, explica. Agora o espaço já é pouco para tantas alunas, que três vezes por semana se juntam durante um pouco mais de uma hora, para aprender todos os movimentos. “Tem aparecido muita gente, as micaelenses têm aderido bastante à dança do ventre, e penso que estão a gostar e estão empolgadas com o que aprendem”, adianta. Mas será que as açorianas sabem dançar bem? A resposta não se faz esperar: “estão a sair-se muito bem, surpreenderam-me. Estão a aprender rápido e eu também estou a gostar muito de dar aulas para as açorianas”. Maria do Céu, uma das primeiras alunas destas aulas de dança do ventre explica que se inscreveu sem expectativas, “porque nunca tinha pensado em aprender dança do ventre”, no entanto, confessa que apesar de achar “interessante” é “mais difícil do que parece, porque temos de coordenar os movimentos e ter elegância”. Patrícia Alves diz que pensava que era tudo mais fácil, “pensava que chegava aqui e aprendia com facilidade mas não, é preciso muita concentração e técnica”, no entanto, como confirma Mónica Silva, o tempo de aprendizagem fará o resto. “Agora sinto-me mais à vontade em comparação com o primeiro dia de aulas, já há movimentos que faço melhor e mais à vontade. No primeiro dia achei difícil mas agora não”, conclui. É com este espírito que Sheila Guedes quer continuar a ensinar os movimentos característicos da dança do ventre, cuja origem estará relacionada com o culto da fertilidade na antiguidade. Para isso está já a planear um espectáculo com as alunas onde além de mostrar “o que elas sabem fazer, quero mostrar o que eu também sei fazer”. Um “grande espectáculo”, que ainda não tem data nem local marcado, “ainda é segredo”. Origem Sem datas concretas, acredita-se que a dança do ventre terá surgido noEgipto durante a época dos faraós. Era usada em rituais por sacerdotisas como agradecimento à fertilidade e era considerada uma arte sagrada. Depois das invasões gregas, a imagem de ritual sagrado foi deturpada uma vez que as sacerdotisas eram escravizadas e obrigadas a realizar, para os gregos, os rituais como forma de entretenimento. Esta forma de dança popularizou-se e foi trazida para o ocidente, e para especificar que tipo de dança se tratava, foi chamada dança do ventre. Uma denominação que fica a dever-se aos movimentos realizados, que colocam em evidência o ventre e as ancas femininas. Fonte: Carla Dias - Açoriano Oriental

Publicado: Domingo, 02 Abril, 2006

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