AIPA

Racismo e xenofobia na Alemanha

Texto: Monitor | Foto: Direitos Reservados 

O surgimento das concentrações e das marchas que organizam e realizam há alguns meses certas organizações racistas e xenófobas como a Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente e a Hooligans contra os Salafistas, na Alemanha, ao que tudo indica, vieram para ficar, considerando que sevreferem à problemática questão da imigração, que é fomentada até por uma parcela da classe média, a qual deseja que seja reduzido, especificamente, até o fluxo daqueles que reivindicam asilo político.

Sede destas manifestações reacionárias é a cidade de Dresden, capital do mini-estado oriental de Saxônia, de onde desde outubro do ano passado foram iniciadas com a participação de algumas dezenas de indivíduos apenas, somando hoje mais de 17 mil, segundo dados das autoridades. Semelhantes focos existem, também, em outras cidades importantes da Alemanha como Colônia e Munique.

As manifestações são lideradas por membros do Partido Nacional da Alemanha (NPD, partido neonazista), enquanto o Partido Alternativa para a Alemanha (AfD), porta-voz de considerável parcela do capital alemão que considera imprescindível a saída da Alemanha da Zona do Euro e julga que suas manifestações racistas e antimuçulmanas expressam o forte descontentamento de grande parcela da população alemã que deverá ser ouvida, enquanto, simultaneamente, exerce fortes críticas contra a política imigratória do governo alemão.

“Frau” Merkel

Em recente mensagem à Nação, a chanceler Angela Merkel tentou mostrar-se “protetora dos perseguidos”. Assim, dissimulou o fato que os arrancados imigrantes fogem de seus países para escaparem das intervenções dos imperialistas no Grande Oriente Médio e na África do Norte, das quais participa também a Alemanha.

Ainda, são imigrantes em busca de trabalho. Destacou enfaticamente Merkel: “Uma consequência das guerras e das crises é que hoje existe um grande número de refugiados, muito maior do que aquele de após a Segunda Guerra Mundial” e sentenciou: “Muitos escaparam literalmente da morte. É compreensível ajudarmos e recebermos aqueles que buscam refúgio em nosso país.”

Obviamente, o clima de xenofobia é cultivado também pelas forças que lideram o “arco democrático” contra os racistas. Indicativa é a proposta de deputados do partido situacionista Democrata-Cristão (CDU) para proibição do uso de burca pelas mulheres muçulmanas, e do partido Social-Cristão (CSU) da Bavária, aliado dos partidos Democrata-Cristão e Social-Democrata, que havia proposto os imigrantes serem obrigados a falar alemão até em suas próprias casas. Felizmente, este projeto “patriótico” foi retirado do Parlamento.

Ulrih Grillo, presidente da Federação das Indústrias da Alemanha (BDI) – 100 mil indústrias e 8 milhões de trabalhadores – julgando que deveria pronunciar-se a respeito da questão, declarou: “Mantenho-me transparentemente distante dos neonazistas e dos xenófobos que se juntam em Dresden e outras cidades. Devemos permanecer, transparentemente, contra qualquer xenofobia. Há muito somos país de recepção de imigrantes e assim devemos permanecer. Como país de bem-estar e por motivos de amor cristão para com o próximo, nosso país deve receber mais imigrantes. Considerando nossa evolução demográfica, garantiremos com a imigração desenvolvimento e bem-estar. A política deve envidar esforços para fazer com que os cidadãos compreendam estas oportunidades e eliminem estes temores.”

Publicado: Quarta, 18 Março, 2015

Retroceder

Associe-se a nós AIPA

Agenda

Subscreva a nossa newsletter