Cabo-verdianos residentes na Alemanha esperam que as eleições residenciais de 07 de Agosto ajudem o país a progredir, e alguns estão mesmo dispostos a investir na terra natal, se houver apoios do Governo. "Acho que o povo está muito interessado nestas eleições e quer ter uma melhor representação do país, através de um dos candidatos", disse à Lusa Nelson Mascarenhas, um cabo-verdiano natural da Ilha da Boavista, a viver há mais de 30 anos na Alemanha. "Têm ficado muitas promessas do Governo por cumprir, por exemplo as indemnizações a proprietários expropriados pelo Estado na Ilha da Boavista, e espero que isso mude, com uma boa oposição", disse o assistente técnico de aulas de Biologia na Universidade de Hamburgo, manifestando a ideia de que o Presidente tem funções executivas, o que não acontece. Nelson Mascarenhas começou por ser embarcadiço, e esteve primeiro na Holanda, quando emigrou. "Acabei, no entanto, por lançar âncora em Hamburgo, e por cá fiquei", disse este cabo-verdiano, que só tem planos para regressar ao país de origem quando se aposentar, dentro de cinco anos. O seu compatriota Manuel Valente, 50 anos, há mais de três décadas metalúrgico numa empresa de Bremen, depois de também ter "trabalhado nos barcos", quer voltar a Cabo Verde quando puder. Mas como ainda lhe faltam nove anos para pousar as ferramentas, vai tentando ajudar o país, investindo as suas poupanças em negócios. "Já abri uma pequena carpintaria e um café na Ilha do Maio, onde nasci, e quero expandir os negócios lá, mas o Governo também devia apoiar-nos", sublinha Manuel Valente. Quanto às presidenciais, garante que vai votar, na assembleia eleitoral em Hamburgo, pela primeira vez, porque acha que Cabo Verde "tem de mudar para melhor, para bem do povo". Rosa Pascoal, 34 anos, pertence a outra geração de imigrantes cabo-verdianos, é modelo em Colónia, agente de modelos e também empresária de uma das grandes revelações da música cabo-verdiana, Bino Barros. Não votou nas legislativas e desta vez diz que também não votará, porque vai estar de férias em Portugal, mas acha que Cabo Verde "está no bom caminho e as presidenciais vão ser um sucesso". Rosa Pascoal diz que fala com muitos compatriotas na Alemanha, onde vivem mais de mil cabo-verdianos, e eles manifestam-lhe frequentemente o desejo de investir no próprio país. "A comunidade cabo-verdiana quer ajudar, mas não é mandando dinheiro, é fazendo investimentos na hotelaria, na educação ou até na música, por exemplo", diz. Já está há 12 anos na Alemanha, mas quanto ao regresso definitivo à pátria, Rosa Pascoal diz que ainda é uma perspetiva longínqua. "Só quando a minha filha mais nova, que tem cinco anos, concluir o ensino secundário na Alemanha, e mesmo assim não sei, porque depois eles, provavelmente, querem ficar por cá", afirma a mãe de quatro filhos, como que a adivinhar o futuro.
Angola Press, 28 de Julho de 2011.
Publicado: Sexta, 29 Julho, 2011
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