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PM Cabo Verde desafia comunidade a participar vida política

O primeiro-ministro de Cabo Verde visitou no dia 13 de Novembro o bairro da Cova da Moura, na Amadora, onde desafiou os habitantes, maioritariamente cabo-verdianos, a participar na vida política portuguesa, nomeadamente nas autarquias, para se integrarem e defenderem os seus direitos. "A melhor forma de serem cabo-verdianos é poderem inserir-se da melhor forma possível na sociedade portuguesa, garantindo a integração social, cultural e profissional e económica e participarem activamente na vida política", afirmou José Maria das Neves durante a visita ao bairro, considerado um dos mais problemáticos da Amadora. Esta é uma forma, defendeu o primeiro-ministro, de os imigrantes terem "capacidade de influência, defenderem os seus direitos e saberem claramente das suas obrigações". José Maria das Neves, que se encontrou em visita privada a Portugal, foi recebido no bairro da Cova da Moura, onde vivem cerca de 7.000 pessoas, a maioria cabo-verdianos, com aplausos, batuques e danças tradicionais do Grupo de Batuque da Associação Cultural Moinho da Juventude. Na sede da associação, que presta apoio à população, o governante recebeu um documento com questões que precisam de resolução, como a aprovação do projecto de alargamento da valência do jardim-de-infância e do projecto para trabalhar com crianças e jovens ao final da noite e ao fim-de-semana. "Temos mais de 40 crianças em lista de espera que estão fechadas em casa ou andam na rua porque não tem onde ficar", afirmou uma das responsáveis da associação, Godelieve Meersschaert, que já foi condecorada pelo Presidente da República Portuguesa pelo trabalho que tem desenvolvido na associação. Outras críticas apontadas por Godelieve Meersschaert prendem- se com o "alheamento dos responsáveis autárquicos pela requalificação do bairro, o que tem contribuído para a sua degradação". A responsável apelou a um maior empenho das autarquias para que tenham "uma intervenção pró-activa com os moradores" e salientou que os problemas se "resolvem com o diálogo e não com a repressão". "Estamos aqui a trabalhar e a fazer coisas", disse Godelieve Meersschaert ao primeiro-ministro cabo-verdiano, que prometeu fazer tudo que estiver ao seu alcance para resolver alguns problemas e enalteceu o trabalho desenvolvido pela associação em prol da comunidade e da sua inserção. Para José Maria das Neves, o papel das associações é muito importante na integração da comunidade nos países de acolhimento. "É preciso o empenho das associações das diferentes comunidades para que possam ter mais capacidade de influência, possam pressionar mais e agir no sentido de criarem espaços de participação e espaços que favoreçam melhor a integração dos cabo-verdianos", sustentou. Por outro lado, acrescentou, "é preciso discutir e dialogar com os governos dos países de acolhimento e estabelecer protocolos para que vejam a comunidade cabo-verdiana como uma força positiva para o desenvolvimento desses países e não como forças negativas". O primeiro-ministro defendeu ainda a necessidade de novas políticas de integração. "As políticas de há 20 e 30 anos mostram que hoje estão inadequadas, que é preciso desenvolver novas políticas orientadas para a inserção das comunidades imigradas", acrescentou. A viver em Portugal há 31 anos, a cabo-verdiana Maria Luísa Barreto considerou a visita de José Maria das Neves ao bairro "muito importante" e afirmou que é uma forma de ver a "degradação do local" e chamar a atenção dos jovens e aconselhá-los sobre o caminho que devem seguir. Apesar de a maioria da população estar satisfeita com a visita do bairro, alguns jovens frequentadores do Moinho da Juventude criticaram a falta de apoio da Embaixada de Cabo Verde.

Publicado: Terça, 15 Novembro, 2005

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