Portugal continua a ser um país atrativo para imigrantes brasileiros, apesar da crise e do desemprego, mas há sinais de abrandamento, revelam os dados preliminares de um estudo hoje divulgado no Porto. "As remessas de Portugal para o Brasil abrandaram nos últimos anos", afirmou Carolina Nunan, da Pontifica Universidade Católica de Minas Gerais, no III Congresso Internacional sobre Migrações, que está a decorrer hoje e sábado na Universidade do Porto. Carolina Nunan referiu que há atualmente um "equilíbrio" entre a chegada de novos imigrantes do Brasil e o regresso ao país de origem, porque "não é só pela questão económica que Portugal continua a ser um país atrativo". A investigadora, que está a preparar tese de doutoramento no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa, salientou que "as oportunidades no Brasil não são acessíveis a todos", pelo que muitos preferem continuar em Portugal. No estudo que está a realizar, Carolina Nunan já entrevistou mais de mil imigrantes brasileiros, tendo constatado, nomeadamente, que o subsídio de desemprego "estimula a que o imigrante permaneça" no país. Contudo, sublinhou, "o imigrante brasileiro pensa sempre no retorno ao país", pelo que a sua presença em Portugal é normalmente temporária. Carolina Nunan lamentou a "ausência de dados estatísticos" que permitam conhecer melhor os fluxos migratórios, mas realçou que "85 por cento dos imigrantes que regressaram ao abrigo do Programa de Retorno Voluntário da OIM [Organização Internacional para as Migrações] são brasileiros". Este programa, desenvolvido em cooperação entre o Governo português e a OIM, apoiou desde 1997 cerca de 1.700 pessoas que regressaram a 40 países de origem. De entre os dados conhecidos, a investigadora destacou o abrandamento das remessas de divisas de Portugal para o Brasil como sintoma de uma menor presença de imigrantes brasileiros. "As remessas englobam também os ilegais, pelo que são muito valorizadas nestes estudos", afirmou. Outra oradora no congresso, Sofia Castro Pereira, doutoranda em sociologia no ISCTE -- Instituto Universitário de Lisboa, referiu que "há 35 mil estrangeiros inscritos nos centros de emprego portugueses, a maioria de países lusófonos". Sofia Pereira referiu que 10.300 dos estrangeiros desempregados são brasileiros, estando muitos deles a frequentar Cursos de Educação e Formação (CEF) de adultos, no âmbito do programa Novas Oportunidades. "Os desempregados que estão inscritos nos centros de emprego são obrigados a frequentar uma formação", recordou.
SIC Notícias, 17 de Junho de 2011.
Publicado: Sábado, 18 Junho, 2011
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