AIPA

França: Diminuição distúrbios, região Paris sem recolher obrigatório

A redução do número de distúrbios nas últimas noites foi invocada pelos prefeitos da região de Paris, para não aplicar o recolher obrigatório decretado pelo Governo e adoptado por várias localidades em França. Os prefeitos, responsáveis máximos pela segurança a nível local, entendem que a medida não é necessária face à diminuição da violência na periferia de Paris, mas afirmam que poderão rever esta posição se os distúrbios voltarem a aumentar. Pelo contrário, a circulação de menores sem estarem acompanhados foi proibida em cerca de 30 localidades do resto do país, em especial na Côte de Azur (sul), na Normandia (oeste) e no centro, nomeadamente, em Orleães. Vinte e cinco departamentos fazem parte da lista hoje publicada no Journal Officiel (equivalente ao Diário da República) onde a lei de 1955, criada durante a guerra pela independência na Argélia, pode ser aplicada mas apenas seis decidiram fazer uso desta medida. O recolher obrigatório já tinha sido antecipado pelos autarcas de Savigny-sur-Orge, Le Raincy (ambas na região de Paris), Mains, Orleães, Rouen, Le Havre e Evreux, que decretaram o recolher na totalidade ou parte das cidades na segunda ou terça-feira. O estado de emergência permite a interdição, caso o prefeito assim o entenda, da circulação de pessoas ou veículos em zonas consideradas inseguras, a venda de bebidas ou a reunião entre pessoas. Segundo o director dos assuntos criminais do Ministério do Interior, Jean-Marie Huet, hoje à televisão LCI, o facto de o recolher obrigatório ter sido anunciado na segunda-feira foi importante "para passar a mensagem e parar a violência". De acordo com o Ministério do Interior, arderam na noite de terça para quarta-feira 617 viaturas, cerca de metade do número verificado na noite anterior, e os estragos registaram-se em 196 localidades, contra 226 na noite de segunda-feira. Ao todo, terão ardido mais de 6.000 viaturas desde o início dos distúrbios, a 27 de Outubro, além estragos em ginásios, escolas, empresas, lojas e autocarros públicos. Até ao momento conta-se apenas uma vítima mortal durante estes acontecimentos, um reformado de 61 anos que terá sido agredido à porta do prédio por um jovem desconhecido. Uma sondagem hoje publicada pelo jornal Le Parisien indica que 73 por cento dos franceses estão de acordo com a instauração do estado de emergência e 86 por cento mostram-se escandalizadas ou descontentes com estes eventos. De acordo com o Ministério da Justiça, cerca de 1.800 pessoas, das quais metade é menor de idade. O mais novo tem dez anos. A mesma fonte acrescentou que até ao momento foram condenadas 213 destes detidos, dos quais 174 adultos e 39 menores. Dando mais uma prova de firmeza, o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, pediu hoje a expulsão dos estrangeiros que tenham sido condenados por actos de vandalismo, incluindo aqueles com título de residência. Na origem dos distúrbios está a morte a 27 de Outubro de dois adolescentes, filhos de imigrantes, electrocutados em Clichy-sous- Bois, a noroeste de Paris, em circunstâncias ainda não completamente esclarecidas, quando fugiam da polícia, e ferimentos graves num outro jovem. No entanto, a repressão policial e a discriminação social são apontadas como as principais causas desta onda de violência protagonizada na maioria por jovens com idades entre os 14 e os 20 anos e de origem africana. BM. Lusa

Publicado: Sexta, 11 Novembro, 2005

Retroceder

Associe-se a nós AIPA

Agenda

Subscreva a nossa newsletter