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Imigrantes aumentam remessas e despertam 'apetncia da banca

número crescente de trabalhadores estrangeiros em Portugal tem gerado muitos milhões de euros de poupanças, enviados todos os anos para os seus países. A banca descobriu recentemente o "filão", criando para este novo segmento de mercado serviços e produtos adequados a clientes com grande apetência para a poupança. E não procura apenas servir de intermediário nas suas transferências, mas também cativá-los para uma relação bancária a médio e longo prazo. Entre 2000 e 2004, o envio de remessas de imigrantes para fora de Portugal cresceu 138%, atingindo os 450,6 milhões de euros em 2004, de acordo com os dados do Banco de Portugal. O ano recorde foi 2002, quando o total transferido atingiu 572 milhões de euros, tendo diminuído para 432 milhões em 2003, reflexo da crise económica. No ano passado, estas remessas cresceram ligeiramente, mais 6,2% que no ano anterior. Esta nova realidade contrasta com a redução no envio de remessas dos emigrantes portugueses, uma alteração que reflecte o actual retrato das comunidades portuguesas fora do país, onde a segunda geração de emigrantes não tem como prioridade o envio de poupanças para Portugal. Entre 2000 e 2004, as remessas de emigrantes caíram cerca de 30%, passando de 3,4 mil milhões de euros para 2,4 mil milhões no ano passado. Em 2004, verificou-se uma estagnação face ao ano anterior. Actualmente, os brasileiros são os estrangeiros a trabalhar em Portugal que mais dinheiro enviam para o seu país. Dos 450 milhões de euros enviados em 2004, quase metade (208 milhões) pertenceu à comunidade brasileira, um crescimento de 23,4% face ao ano anterior. Em segundo lugar surgem, a grande distância, os ucranianos, com as suas remessas a totalizarem 63 milhões de euros e a caírem 62,7% face ao ano de 2002, quando atingiram o valor recorde de 169 milhões de euros. Quanto aos portugueses residentes no estrangeiro, França é o país de onde provém o maior volume, 934 milhões de euros em 2004, seguido da Suíça (629 milhões) e dos Estados Unidos (372 milhões). BANCA JÁ TEM RESPOSTA. A mudança estrutural de que Portugal está sendo alvo - deixando de ser um país de emigração para passar a ser um destino de imigração - levou a banca portuguesa a acompanhar o fenómeno, criando uma oferta especial para este segmento. Se, numa primeira fase, a preocupação central consistia em oferecer um serviço de transferência de dinheiro, o leque de produtos foi-se alargando e actualmente alguns bancos portugueses (e estrangeiros a actuar no nosso mercado) estão já a oferecer produtos que visam fidelizar clientes e levá-los arriarem uma relação bancária duradoura. É caso do Millennium bcp, que, há cerca de um ano, criou a Conta Passaporte, uma conta à ordem sem despesas de manutenção, com uma série de serviços associados. Como o banco explica, o produto tem como objectivo estabelecer uma relação regular com esta base de clientes, onde o Millennium bcp afirma possuir uma quota global de 25% na população estrangeira. A Caixa Geral de Depósitos criou um serviço destinado aos imigrantes. Alem do serviço de transferencias e da criação de contas especiais, a Caixa possui uma agência dedicada aos cidadãos estrangeiros, instalada no Centro Nacional de Apoio ao Imigrante (CNAI). O Banco Espírito Santo, por seu lado, embora sem uma oferta específica para imigrantes, tem um serviço de remessas e vai lançar em breve um novo produto nesta área, em parceria com bancos nos países de origem. UM CASO DE SUCESSO. Mas o fenómeno mais curioso, no que respeita à oferta bancária, é protagonizado pelo Banco do Brasil. Em 2002, a pequena sucursal daquele banco brasileiro percebeu o potencial de negócio que a crescente comunidade de cidadãos do seu país representava e iniciou a sua expansão. O resultado está à vista: com 1800 clientes em 2002, o Banco do Brasil saltou para os 25 mil clientes em 2003, devendo chegar ao final de 2005 com cerca de 50 mil, como revelou ao DN o seu administrador Paulo Nacif Jorge. O seu produto de sucesso começou por ser o BB Remessas, um serviço de transferências, mas neste momento o banco já oferece uma série de outros produtos, que vão desde crédito ao consumo e cartões ate contas aprazo. "O nosso relacionamento com o cliente é integral", refere aquele responsável, acrescentando que os portugueses com vínculo ao Brasil também os procuram. Actualmente, o banco tem duas agências em Portugal e três pontos de atendimento. Até final de 2006, quer abrir mais cinco agências, "indo ao encontro dos brasileiros em Portugal". Com esta expansão, o banco pretende acabar com o congestionamento da sua agência em Lisboa, Marquês de Pombal, que, no final de cada mês faz confundir aquele local com qualquer rua de uma cidade brasileira.

Publicado: Segunda, 24 Outubro, 2005

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